quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

CAIXA completa 150 anos e bancários não têm o que comemorar

No momento em que a Caixa Econômica Federal completa 150 anos de existência, muitos de seus empregados não possuem razões para comemorar.

A discriminação consagrada pela empresa em relação ao seu corpo funcional não permite que muitos compartilhem a felicidade e o orgulho relacionados a esta data. Os empregados que quiseram manter seu plano original de aposentadoria, o grupo REG/REPLAN, por exemplo, sofreram e sofrem sistemática perseguição nos últimos anos: Não podem adentrar no novo Plano de Cargos e Salários adotado pela empresa em 2008; não podem concorrer nos PSI’s para ingresso em funções do novo Plano de Funções Gratificadas adotado em 2010; estão com sua carreira congelada e sem perspectivas de qualquer ascensão funcional; convivem com as crescentes ameaças de elevação do custeio de seu plano original, ainda que o fundo de pensão cante louvores sobre lucratividade. E o argumento utilizado pela Caixa para não transpor os REG/REPLAN não saldados à ESU 2008 e ao PFG é que tal transposição geraria um custo elevado. Forma curiosa e inovadora de encarar o não cumprimento de deveres e compromissos assumidos no passado. Enquanto isto a perda de mais de R$ 320.000.000,00 na operação da compra de parte do Banco Panamericano é considerada absolutamente normal, mesmo que o Banco Central tenha alertado para as dificuldades enfrentadas por este Banco. Parece-nos que foi o típico caso de não cumprimento de metas por parte do alto escalão da empresa, contrastando com a costumeira pressão exercida sobre os empregados de menor escalão, obrigados a cumprir metas e obedecer à imposição da lógica de um banco privado.

No âmbito salarial, nenhuma perspectiva se apresentou para a reposição das perdas que atingiram o vergonhoso índice ao redor de cem por cento, mesmo que outras categorias de trabalhadores tenham sido contempladas com vantajosos reajustes nos últimos anos. Pior que isto. No momento em que comemora seus 150 anos, ingressar nesta empresa é, hoje, quase motivo de vergonha. Muitos passam no concurso e sequer assumem, uma vez que as condições salariais e vantagens históricas que os antigos trabalhadores possuíam foram sonegadas na última década. Existem categorias, mesmo dentro do serviço público, cujo salário inicial, antes equivalente ao da Caixa, agora correspondem ao dobro. Quem quer ficar numa empresa com esta perspectiva? Muito poucos. Daí a conseqüente evasão de recursos humanos de qualidade para outras áreas do setor público e privado.

Os empregados bem que tentaram se mobilizar através dos movimentos paredistas, procurando vencer as defasagens e aberrantes discriminações. A atuação perniciosa das instâncias representativas dos empregados, no entanto, as entidades filiadas à CUT, Central Oficial do Partido, trataram de frustrar sistematicamente estes movimentos ao serem serviçais ao Governo Federal e aos atuais gestores da Caixa.

Surgida para angariar fundos da poupança popular e mesmo para reunir a economia dos escravos em busca de sua liberdade, a Caixa Econômica Federal, ao completar 150 anos, cristaliza hoje um dos piores processos de desvalorização de um quadro funcional e um dos maiores retrocessos na relação entre a empresa e seus trabalhadores. Durante os anos 1990 perdemos, principalmente, o poder aquisitivo de nosso salário. Nos últimos dez anos, não somente deixamos de recuperar esta defasagem salarial. A grande maioria dos empregados foi instada a aderir a um novo plano de aposentadoria, sem as vantagens e garantias de nosso plano original. Como se não bastasse, convivemos hoje com funcionários sem muitos dos direitos e vantagens que, tradicionalmente, beneficiaram os trabalhadores da empresa. Os TB’s são uma prova da desvalorização e do aberrante retrocesso aqui apontado.

O leitor que acompanhou nosso raciocínio até aqui, deve dar-se conta de que existe, portanto, uma Caixa que se auto-denomina, de forma unilateral, uma das melhores empresas para se trabalhar neste país. É a aparência que quer ser imposta a todos. A essência, entretanto, nos mostra um quadro contraditório. De um emprego disputado e desejado por muitos brasileiros no passado, hoje não passa de uma ocupação passageira e emergencial para a imensa maioria dos que adentraram nos últimos anos e de franca decadência salarial para os mais antigos.

Nós, da ANBERR, que galhardamente nos opusemos e nos opomos a tudo isto, temos revertido, pelo menos em parte, as injustiças contra os empregados vinculados ao REG/REPLAN. Infelizmente não nos é possível fazer mais pelo restante do corpo funcional. Pensamos, entretanto, que nossa humilde colaboração possa ajudar a mudar a realidade do funcionário da Caixa.

Por essas razões, conclamamos todos os empregados a lutar pelo resgate das perdas salariais; pela

isonomia aos TB’s e pelo fim da perseguição e discriminação aos empregados REG/REPLAN não saldados. Aconselhamos que reflitam profundamente, neste momento do sesquicentenário da empresa, sobre sua condição de trabalhador, bem como a de seus colegas. Porque, francamente, parece-nos não haver qualquer razão para comemorações.

Fonte: Banarios RN

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